No espetáculo do amor, hoje os atores atuam
sem envolvimento. O lema é “Pegue mas não se apegue”. Esse lema cabia muito bem
aos homens. Porém, as mulheres, que eram as que mais se ocupavam das questões emocionais
têm buscado refugio em agir como os homens. Os encontros femininos que giravam
em torno de queixas amorosas ou o avesso, a exaltação amorosa, se tornaram
encontros para contabilizar o número de parceiros que se interessam por elas, e
ainda a ridicularização daqueles que tem intenções de ter um relacionamento
mais sério. A justificativa está em: “Assim que os homens fazem”. Outro dia uma
amiga dizia: as coisas estão do avesso, as mulheres em personagens masculinos.
O caráter vingativo se apresenta e as
mulheres coadjuvantes se tornam protagonistas. A cena está invertida, mas a
narrativa da peça é a mesma: defesa frente ao amor. Os homens, por não serem tão
amigos da falta, são os que usualmente mais se defendem. Afinal de contas, amar
é dar o que não se tem, é dar sua falta. Estar na posição de faltante, daquele
que tem saudades e deseja alguém, e que nem sempre será correspondido, não é
tarefa fácil. No teatro do amor, não há garantias. Porém se um se acovarda
frente ao amor, não sabe nem das dores, nem das delicias do amor.
Onde está o amor? As mulheres eram
aquelas que engenhosamente estremeciam as defesas masculinas, e agora José? Verificamos
que as mulheres também estão se defendendo. Será que caberá aos homens
estremecer as defesas femininas? De todo modo, os seres humanos são seres
relacionais, e o acaso pode sempre surpreender, é aí que se encontra o amor, quando
o acaso surpreende, algo do amor surge e a defesa sai de cena.
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