Gabriela Ely - Psicanalista
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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017


                                                         
                                                  Guerra dos sexos 


            Muito se fala sobre o que é ser uma mulher: recatada e do lar, puta ou santa, louca, etc. Há uma indefinição do ser da mulher, uma problemática em cernir o que concerne ao feminino.
            E por isso tanto se fala, pelo infinito que o feminino nos leva, e assim, se “infinitizam” os comentários sobre o novo clipe de Anita. A feminista pira, é a ira frente ao que considera ser a desvalorização da mulher. Há aqueles que simpatizaram com a artista por ela mostrar a realidade social brasileira. Caricatura que se encaixou bem na lógica de mercado. Bem ou mal, falam de Anita, ela causa, causa a falação.
            Mas, para além do feminino que tanto se fala. O que falar do masculino? O que é ser um homem nos dias de hoje?

            Me parece que os signos de virilidade já não dão conta de responder essa pergunta. Alguns, via violência, tentam desesperadamente resgatar a certeza do que é ser um homem, em vão. Outros partem para o fazer-se ver, mostrando corpos definidos e atraentes que costumávamos verificar do lado feminino, se é que há algum. Seja como for, ser homem, mulher ou ... é sempre uma construção. Quem é você?

terça-feira, 4 de abril de 2017

Não se molhe!


Enquanto tomo um café e olho aleatoriamente as redes sociais me fixo a um aviso do facebook: “Não se molhe! Está chovendo hoje”. De algum modo este recado me soa como um alarme e me questiono por que se molhar poderia ser perigoso.
Há algo mais do acaso que levar um banho de chuva? Ah! Esqueci o guarda chuva e me molhei vindo para cá e ainda resvalei e cai, mas em seguida uma pessoa encantadora me ajuda a levantar e tomamos um café. Está aí justamente o contingencial da vida, que nos surpreende e que torna a vida menos previsível e talvez mais feliz. 
Que felicidade é essa? Com certeza não é a felicidade do ideal, aquela do para todos, que visa ao bem, ou seja: “Não se molhe” Cuidado com o que não está dentro de do plano do ser feliz, “mantenha-se seco”. Essa felicidade falha a todo momento, é nessa falha que alguns podem, se não forem tão cautelosos, encontrar uma felicidade distinta, aquela do acaso.

Nesse caso, vamos tomar um banho de chuva? 

quarta-feira, 8 de março de 2017

Uma mulher é..

    Especialmente nesse dia 8 em que comemorasse o dia internacional da mulher escutamos de todos os lados que a mulher é isso, a mulher é aquilo. Por que se fala de tudo sobre a mulher?
    Não há um significante que sature o que é uma mulher. Por isso se fala tudo sobre ela, de deusa a bruxa!
   Ao não ter definição que poderia localizar a mulher em uma classe, ela se encontra só. Se não há A mulher, está se encontra no uma a uma, o que existe é uma mulher.
    O feminino é sempre enigmático, para homens e mulheres. Daí surge: o que é a mulher? Ela pode ser tudo, menos "toda"! Inclusive pode ser Outra para ela mesma.
 

segunda-feira, 6 de março de 2017

Êxito e Sucesso


Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?
- Fernando Pessoa  
Para o Êx-cito algo está a priori, o que advêm ao êxito é a escolha, e isso se verifica em “Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for”. O que está antes é a terra vazia, no êxito, temos a escolha pelo palácio. E se é um palácio não é um castelo. Com isso podemos pensar que uma escolha implica uma renuncia, e talvez seja essa a maior dificuldade em fazer escolhas, apesar de muitas vezes parecer simples.

       Outra questão importante é: e quando o palácio já está construído? Alguns dirão: sucesso. Temos a parte do sucesso como “excesso” que coloca o sujeito em uma posição distinta dos demais, institui uma exceção, pois, se tem sucesso em algo sempre particular, o que implica assumir algo próprio e bancar a diferença o que nem sempre é tarefa fácil, ser igual implica certa comodidade. Temos também o sucesso, como “cessar”, quando se atinge algo cessa a busca, e talvez o grande barato esteja em buscar. É importante que se construam novos palácios, ou quem sabe o castelo dessa vez. Há sempre um quê de insatisfação no desejo, ainda bem! Assim seguimos desejando, escolhendo e quiçá tendo sucesso. 

sábado, 4 de fevereiro de 2017

A educação e a escola na atualidade


Como pensar a educação em uma sociedade em que a autoridade está fora de moda, inclusive a autoridade dos professores? Percebemos que nas escolas já não se trata mais de obedecer ou respeitar os professores, ou sequer de creditá-los um suposto saber. O saber encontra-se no bolso, sr. Google está sempre a mão.
Pais e professores já não atuam em parceria de trabalho na educação dos jovens, muitas vezes os pais são aliados dos filhos contra os professores. Os professores assim já não são respeitados em suas responsabilidades,  são desqualificados e se tornam muitas vezes impotentes. 
Ao apoiarem os filhos sem restrições os pais não possibilitam que seus filhos se ajustem a realidade, se desenvolvam e possa criar invenções frente a realidade que encontram, se trata mais de que a realidade se adéqüe a criança.
Para os professores é preciso invenção, é importante apoiarem uns aos outros em sua causa, a da paixão pelo conhecimento para despertar nos alunos desejo de saber. Para a sociedade é importante valorizar a educação, os professores, as escolas. A escola tem papel essencial na vida dos sujeitos, é a cultura que permite que a criança aprenda muito mais do que o relacionado ao intelectual, há uma aprendizagem além, aquela da vida, aprender a viver!

Adolescência


A adolescência é a etapa da vida do sujeito em que há uma mudança essencial. Essa mudança diz respeito ao amadurecimento do corpo, em que novas sensações se impõem ao sujeito ocasionando quase que no surgimento de um novo ser. 
Nesse período o adolescente se encontra-se entre seu ser da infância e seu ser de adulto. O adolescente tem de lidar com a mudança de seu objeto de amor, seu primeiro objeto: a mãe, o familiar agora já é suficiente, surge a necessidade de se haver com outro parceiro amoroso. Desse modo, o adolescente terá de se posicionar frente à autoridade parental e frente ao outro sexo.
         Há um afrouxamento do relacionamento familiar que lhe foi de suma importância durante sua vida para se lançar em novas experiências. Esse processo que tem enorme significância para a vida do sujeito é também um processo doloroso, pois já não se pode contar mais com mecanismos que construiu na infância como norteador. Surge algo novo que é difícil de nomear e não mais compatível com o infantil. 
O determinante na adolescência é que tipo de invenção o adolescente irá realizar frente às questões que o período da adolescência lhe  impõe. A psicanálise procura propiciar espaço de escuta e auxilio para que o sujeito possa encontrar uma forma singular de ultrapassar essa etapa da vida. 

Ah! O amor


            Do amor não se fala, se vive! É por isso que no amor é importante ser um pouco tolo, não pensar demais, quem pensa muito não arrisca.
            E o amor é sempre um risco, não há garantia. De qualquer modo, é dever do sujeito se responsabilizar por sua felicidade e assumir o risco. Felicidade é pessoal é dá trabalho. Não deposite no parceiro a responsabilidade por sua felicidade, essa carga é pesada demais para outro carregar, e a relação acaba fadada ao fracasso.
Não há receita de bolo para os relacionamentos amorosos, há uma construção feita a dois, feita entre os parceiros. O amor é o que faz com que os seres humanos possam conviver, apesar de suas diferenças, porém sempre haverão particularidades, a total harmonia é da ordem do impossível, melhor assim, talvez a complementaridade fosse entediante pela sua previsibilidade.
Não há um deveria ser no amor, um ideal. Amor ideal cai no trágico como Romeu e Julieta. O importante no amor é o que os parceiros podem inventar para estarem juntos, pois homens e mulheres possuem modos diferentes de se satisfazer.
Relacionamento amoroso não transforma a vida no paraíso, talvez torne a vida melhor, mas ainda há muito pela frente.

Crianças com dificuldades escolares


Na atualidade há um aumento da chamada “queixa escolar”. É interessante observar que quando se fala de crianças com dificuldades escolares surgem nominações diversas para qualificar certos comportamentos, como: agitado, hiperativo, sem limites, desajustada, com déficit cognitivo, atrasada, etc.
Essa nomeação tende a fazer uma generalização que exclui o singular, o caso a caso, desse modo, todos possuem o mesmo problema, causando o silenciamento do sujeito que não encontra vias de ser mais que o nome que lhe foi colocado e outros fatores que podem estar relacionados às dificuldades escolares.
Para a psicanálise a queixa escolar pode indicar um mal-estar, que quer dizer algo, e é com o oferecimento de uma escuta que se torna possível que algum saber sobre isso que não se compreende possa advir, agora, produzido pelo próprio sujeito. É permitir que o sujeito tenha a chance de abster-se das nominações que lhe foram imputadas e encontrar-se com aquilo que há de mais particular em si.
É ainda notável que ao escutar a criança com dificuldade escolar, as queixas passam a ganhar significações distintas: impasses em suas relações sociais e familiares, impasses pedagógicos.

Torna-se possível localizar os motivos singulares que levam um sujeito a fracassar ou ter sucesso na escola, bem como reconhecer a participação de cada um na produção desses problemas: a escola, os professores, a família e o próprio sujeito aprendiz. Assim se passa da culpabilização para uma responsabilização.  

Férias em família


            Quando falamos sobre férias nos referimos ao descanso das atividades rotineiras, especialmente o trabalho e a escola. Estamos em uma sociedade em que cada vez mais há uma exigência de produtividade para os indivíduos. Frente a isso, eu diria que as pessoas estão cada vez mais alienadas e envolvidas em suas respectivas atividades e rotina.
Até mesmo as crianças não estão livres disso, talvez sejam as que mais sentem os efeitos do funcionamento da sociedade atual. Para as crianças é necessário que sejam super crianças, tem-se aumentado as horas de escola, há um excesso de cursos e atividades. Ou percebemos o contrario disso, uma demanda de que sejam comportadas, que não sejam “crianças”, são ofertados (gadgets) como tablets e celulares para que se mantenham distraídas, assim como os pais estão a todo momento “on line”.  
            E agora o que podemos falar sobre família? Onde está a família? Será que em algum momento, efetivamente, frente a essa agitação as famílias se encontram?
Verificamos então que muitas vezes os momentos reservados para as relações sociais e familiares estão dominadas pelos gadgets, cada um com seu “aparelhinho” a mão. As famílias vêm se encontrado cada vez menos e tendo mais dificuldades em relacionar-se, pois a convivência demanda amor, paciência, atenção ao outro, e nessa sociedade onde tudo é descartável se padece de investimento.

            Férias em família! Gostaria que nessas férias todos possam aproveitar as férias para realmente descansar da rotina, estar com quem se gosta, refletir sobre o ano que passou e sobre o que virá e investir naquilo que mais tem valor. 

As pessoas gostam de sofrer?!


É muito comum escutar alguém comentando que fulano gosta de sofrer; por não estar com alguém que lhe trate bem, insistir em algo falido, ou até mesmo estar doente e ter benefícios nessa posição.
Apesar de muitos falarem, ainda assim, as pessoas estranham que possa haver alguma satisfação de uma situação entendida como “ruim”. Pois bem, em psicanálise chamamos isso de gozo, quer dizer que estamos implicados em nosso sofrimento, há sempre algo próprio nas boas e más situações que vivemos.

Nem sempre nossa forma de gozar, de ser, é compatível com aquela que esperávamos, e que muito se idealiza, e geralmente sofremos por isso. Há pessoas que passam por suas vidas reclamando daquilo que não são, desejando ser de outra maneira. Por outro lado, pode haver uma “responsabilização”, é possível se responsabilizar por quem se é, e talvez fazer algo bacana com isso. Tornar-se aquele “cara” que desejava ser?! Hummm, acho que não, mas pelo menos se divertir com quem não se é. 

Qual a implicação dos pais no tratamento analítico com crianças?



Quando o psicólogo/psicanalista se propõe a atender uma criança faz-se necessário levar em conta que este sujeito encontra-se inserido em um meio social: escola, amigos, familiares. Sendo assim, escutar os personagens significativos que estão ao redor dela é de suma importância para o avanço desse trabalho.
Os pais ou aqueles que fazem o papel de pais, seus responsáveis, possuem destaque especial, muitas vezes eles podem estar implicados nos sintomas dos filhos.
As queixas dos pais em relação aos filhos podem estar relacionadas às suas próprias questões subjetivas. Acolher a demanda parental é necessário, não como mais um paciente que está em tratamento, também não pela via de uma orientação, e sim disponibilizar espaço para que os pais possam se situar em relação às dificuldades do filho e também frente as suas próprias vivencias.